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Sexta Marx - Oferta e Procura

Por: Júlio César Anjos

Neste trecho Marx aborda sobre o que mede um salário alto a um salário baixo e dá exemplos do termômetro que há um prisma de consenso que cria um ponto mínimo e um ponto máximo. Marx leva em conta, então, o prisma de um salário alto ou baixo pela retirada da oferta e da procura, que modifica a real taxa de aumento de salário ou não. Marx não pensa sobre precificação, poder de compra, inflação, concorrência dos produtores, emprego, renda, que são de fato parâmetros de mensuração para salários altos e não somente oferta e procura, pelo exemplo citado do termômetro.

Segundo Marx (1868):

“Se um salário de 5 é baixo, em comparação com um de 20, o de 20 será todavia mais baixo, comparado com um de 200. Se alguém fizesse uma conferência sobre o termômetro e se pusesse a declamar sobre graus altos e graus baixos, nada nos ensinaria. A primeira coisa que teria de explicar é como se encontra o ponto de congelamento e o ponto de ebulição, e como estes dois pontos-padrão obedecem às leis naturais e não à fantasia dos vendedores ou dos fabricantes de termômetros. [...] Os salários só podem ser qualificados de altos ou baixos quando comparados a alguma norma que nos permita medir a sua grandeza.”


Uma precificação amparada por correção de inflação não dá poder de compra para um indivíduo, por exemplo, uma bisnaga de pão Frances que custava R$06,00 (seis centavos) em 1995, sendo que o salário mínimo era de R$64,00 (sessenta e quatro reais) é o mesmo que uma bisnaga de pão custar R$ 0,50 (cinqüenta centavos) e o salário ser de R$540,00 (quinhentos e quarenta reais). Portanto, só colocar um zero a mais em tudo não significa poder de compra e o salário não cresce por si só.

Poder de compra pode ser relacionado ao valor pago pelo salário e aquilo que o assalariado pode adquirir em dado momento. Retirar a oferta e a demanda tornaria os produtos escassos, mas acessível a todos, fazendo o poder de compra ficar alto apenas a alguns produtos disponíveis, por causa do sistema socialista amparado pela idéia.


  Marx destaca (1868):

No mesmo instante em que a oferta e a procura se equilibram e deixam, portanto, de atuar, o preço de uma mercadoria no mercado coincide com o seu valor real, com o preço normal em torno do qual oscilam seus preços no mercado. Por conseguinte, se queremos investigar o caráter desse valor, não nos devemos preocupar com os efeitos transitórios que a oferta e a procura exercem sobre os preços do mercado.


Aqui há a primeira inserção velada do comunismo, já que somente tirando oferta e demanda, ferramentas essenciais da concorrência, é que se verifica de fato “aumentos dos salários”. Tirar oferta e demanda não significa alto salário, significa que inibe o capitalista em fabricar produtos em escala e incentiva produtores de mercadorias com pouco apelo e falidos a continuar no mercado. Desestimular quem quer o melhor no mesmo prisma de quem não quer nada retira a meritocracia, faria todo mundo comer a ração por igual, porém uma ração escassa. Isso não significa alta de salário. Significa a mediocridade.

O empregador só conseguirá pagar salários altos àqueles que fabricarem produtos em escala que atravessem fronteiras, seja ela cultural, econômica ou política. Uma empresa fundo de quintal, que só atua em um mercado limitadíssimo, não tem como pagar altos salários por não ser um grande player de mercado. O sindicato sabe disso e sabe tanto que incomoda só as grandes empresas, enquanto as micro e pequenas empresas pagam salários baixos e não são incomodados pela associação de funcionários.

Tirar a oferta e a demanda para verificar aumento ou baixa de salários, não explicando de fato como fazer isso, é como tirar o ponto de congelamento e ponto de ebulição do termômetro e definir que todos os dias a temperatura tem que ser exatos 2º °C. Tanto a natureza quanto a organização econômica não vão abençoar tal análise rasa pelo simples fato de retirar os pontos de mensuração, e é da natureza a variação, seja de alta ou baixa de temperatura, seja de alta ou baixa de salário. Querer promulgar somente o salário alto retirando oferta e demanda seria utópico.

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