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Quarta Keynes - O princípio da demanda efetiva (Emprego)

Por: Júlio César Anjos
  
Neste capítulo Keynes diverge com a corrente tendente econômica da época, observa que a demanda de emprego não se dá pela relação desutilidade Marginal expressa em salários reais, mas sim dos investimentos e a propensão a consumir é que dá novo oxigênio às contratações de emprego.

Segundo Keynes:

Não é, portanto, a desutilidade marginal do trabalho, expressa em termos de salários reais, que determina o volume de emprego, exceto no caso em que a oferta de mão-de-obra disponível a certo salário real fixe um nível máximo de emprego. A propensão a consumir e o nível do novo investimento é que determinam, conjuntamente, o nível de emprego, e é este que, certamente, determina o nível de salários reais — não o inverso. Se a propensão a consumir e o montante de novos investimentos resultam em uma insuficiência da demanda efetiva, o nível real do emprego se reduzirá até ficar abaixo da oferta de mão-de-obra potencialmente disponível ao salário real em vigor, e o salário real de equilíbrio será superior à desutilidade marginal do nível de emprego de equilíbrio.


Uma produção variável gera mais empregos. Esses empregos são marginais, ou seja, estão à margem de uma produção fixa. Tudo aquilo que deixa de ser útil e está á margem da produção correspondente ao trabalho é considerado desutilidade marginal do trabalho. Esse esforço pouco efetivo e eficiente deve ser expresso pelo salário real, algo acima disso deixaria de ser atrativo contratar mais pessoas, pela escola clássica.

Mas Keynes entende que o que realmente faz aumentar ou reduzir empregos é a depressão ou o impulso em consumo e investimentos, motor que engrena o comércio e faz girar a economia em um todo. O impulso ao investimento e a propensão a investir subjugam a desutilidade marginal do trabalho expresso em salários reais, sendo que até mesmo o emprego segue aquecido mesmo com salários nominais.

 Então, um juro alto e a eficiência (falta dela) marginal de capital fazem com que haja desemprego, e não a relação, como já fora dito antes, entre desutilidade marginal do trabalho expresso em salário real. Até porque um juro alto faz o empresário buscar outras formas de obter lucro do que abrir alguma indústria ou venda de comércio, e deficiência marginal do capital faz ser inviável abrir algo para tentar lucro. Então há na teoria de Keynes que o governo deve sempre ajudar o empresariado a continuar ativo e aquecido o mercado, para não gerar depressão e não haver crise antes do tempo.

Ao incentivar o consumo e a investir, o empresário pagará, se houver sucesso no empreendimento, salários nominais, reduzindo a incidência de desemprego fricicional ou voluntário.

Segundo Keynes:

Além disso, quanto mais rica for a comunidade, mais tenderá a ampliar a lacuna entre a sua produção efetiva e a potencial; e, portanto, mais óbvios e maléficos os defeitos do sistema econômico. Assim, uma comunidade pobre tenderá a consumir a maior parte da sua produção de modo que um investimento modesto será suficiente para lhe garantir o pleno emprego, ao passo que uma comunidade rica terá de descobrir oportunidades de investimento muito mais amplas, para que possa conciliar a propensão para a poupança dos seus membros mais ricos com o emprego dos seus membros mais pobres. Se em uma comunidade potencialmente rica o incentivo para investir for fraco, a insuficiência da demanda efetiva a obrigará a reduzir sua produção real até que, a despeito de sua riqueza potencial, ela se torne tão pobre que os excedentes sobre o consumo diminuam até chegar ao nível correspondente ao seu fraco incentivo para investir.


Keynes explica também que a demanda reprimida faz o consumo ser melhor em lugares mais pobres do que em lugares mais ricos.  Como há carência em tudo, um pequeno investimento em uma comunidade pobre resultará em pleno emprego, enquanto que em uma comunidade rica, o investidor deverá gastar mais dinheiro, recuperará menos, e ainda terá que ser criativo para atender as necessidades de tal sociedade.

O que inibe uma comunidade mais rica a consumir é a concorrência entre o investimento e a poupança, os ricos preferem investir em outras áreas que não sejam industriais se o juro for alto, e o capital acumulado tende a ficar mais acumulado, deprimindo a economia de tal comunidade.

Já em uma comunidade pobre, a falta de crédito e consumo resulta em uma boa alternativa para proliferar consumo, criando uma corrente positiva de circulação de mercadorias e serviços, a fim de melhorar a vida das próprias pessoas por causa de aumento de trabalho e renda. Mas isso gera dívida, que é o câncer desse sistema quase perfeito.

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