Por: Júlio César Anjos
Um evento cataclísmico pode fazer a vida ser extinta da terra, um grande
asteróide está a colidir com o planeta, já que a rota da grande rocha viaja em
direção à Terra.
O mundo fica em silêncio, apreensão, aflição, ninguém mais agüenta tanta
pressão, o mundo só espera o evento ocorrer na esperança de que o asteróide só
passe perto do planeta, não colidindo direto com a Terra.
O Asteróide passa ao lado da terra, não colide, mas somente o impulso de
energia por passar rente ao planeta provoca desastres dos mais variados, mas a
vida persiste na terra. Menos mal, houve tsunamis, terremotos, maremotos,
erupções vulcânicas e algumas substâncias químicas foram inseridas, elementos
químicos que constavam no rochedo que sobrevoou perto da orbita da terra.
O mundo festejou a salvação, hora de começar um novo mundo, organizar o
planeta de uma forma melhor, municiar a ciência e tecnologia para não correr
mais riscos, e mudar os rumos que a sociedade estava trilhando antes do susto
causado pelo asteróide.
Cientistas constatam momentos após da passagem do asteróide que a pedra
rochosa soltou um composto químico diferente, nunca antes catalogado nos
registros da ciência. De início os cientistas classificam o composto com um
nome exótico, chamado TDMA555, nomeado para fins de registro, pois só à frente
que será analisado com mais afinco.
Na manhã seguinte começam os trabalhos, um madeireiro usa a motosserra
para cortar a árvore, mas o equipamento não consegue cortar a árvore. A árvore
fica rígida, tão dura que nada no mundo corta o vegetal. O madeireiro fica
intrigado, mas desiste de tal árvore, e vai à busca de outra árvore para cortar
e, de novo, não obtém sucesso, ainda por cima estraga o equipamento, pois a
motosserra quebrou devido ao desgaste em tentar cortar algo muito mais duro que
a própria motosserra.
O madeireiro liga a TV e dá um telefonema para uma emissora de mídia da
região para exibir tal fenômeno e eis que na TV aparece o mundo todo com a
mesma reclamação, outros madeireiros não conseguem cortar árvores, tratores não
conseguem perfurar terras, os ventos sopram, mas não fazem circular as usinas
eólicas, e a água é bebível, mas não se mistura com mais nada.
Cientistas chegam à conclusão que o TDMA555 reagiu quimicamente com a
natureza, um novo composto que só apareceu por causa do asteróide, e que criou
uma espécie de rigidez na manipulação dos elementos da natureza.
Os materiais da natureza que já foram manipulados não foram afetados,
somente os recursos que estão na natureza reagiram com o composto químico
TDMA555, ou seja, a madeira já usada para fazer móveis segue manipulável. Mesmo
havendo esse problema em retirar novos recursos da natureza, ainda sim há como
viver porque os materiais já manipulados podem ser modificados.
Outro fato curioso é que os frutos continuam sendo acessíveis, e o abate
de animais para consumir a carne e aproveitar a pele também não houve
problemas. As dificuldades ficam por conta de arar a terra, cortar árvore,
perfurar a terra, ou seja, toda forma de manipulação artificial do homem na
natureza.
A natureza deu um jeito de negar a manipulação do homem através da reação
que impede a manipulação do homem à natureza. A natureza somente retirou a
maleabilidade (a moleza dos recursos naturais), impedindo que sejam cortados e,
sendo assim, retiradas da natureza as madeiras, os cimentos, as pedras,
dificultando ao impossível construir mais paisagens artificiais.
A reação do TDMA555 na água também provocou um problema recorrente, a
água não se mistura a mais nada, ou seja, nem um suco se consegue fazer porque
a água só é consumível em estado natural, pois nenhum elemento reage com a
água. Acabou coca-cola. O vento sopra, mas parece que não existe a força para
fazer girar as hélices das usinas eólicas. Modificou tudo.
O tempo vai passando, os objetos fabricados já existentes deterioram-se
por falta de manutenção, não há renovação de carros, casas, imóveis,
equipamentos, ferramentas, e outros produtos artificiais que necessita a
retirada dos recursos da natureza para a fabricação de reposição de peças de
manutenção. A humanidade reaproveita os
objetos já existentes para sobreviver.
Com a degradação obtida através da incapacidade do homem em retirar
recursos, a natureza vai ganhando espaço e devagar a natureza reivindica posse,
ocupa espaços que outrora era dela, mas que o homem transformou artificialmente
a seu modo.
Acabou a corrida pelo avanço da tecnologia, pois equipamentos de qualquer
tipo não possuem peças mais de reposição. As armas utilizadas para defesa estão
acabando, como munições e as próprias armas, devidas ao desgaste do tempo. O
homem descobre que possui inteligência, mas só pode usar todo o conhecimento se
a natureza permitir que seja manipulada pelo homem.
O homem fica cada vez mais vulnerável à natureza, já que as armas
voltaram a ser pedras soltas no chão, e os animais selvagens possuem
equipamentos de caça naturais como dentes afiados e força muscular maior que a
do homem. Agora a humanidade sabe o que é estar em desvantagem e ser uma presa.
O mundo inteiro virou um ¹Suplício de Tântalo. As pessoas olham para a
natureza, sabem manipular os recursos naturais, mas são impedidos de retirar os
materiais porque a natureza deixou de ser manipulável e maleável após o
composto químico, advindo do espaço, ter reagido com os compostos naturais.
¹Suplício de Tântalo (Wikipédia):
“Certa vez, ousando testar a omnisciência dos deuses,
roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num
festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, num vale abundante em
vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto
que, ao aproximar-se da água esta escoava e ao erguer-se para colher os frutos
das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob força do vento. A
expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo
aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular
"Tão perto e, ainda assim, tão longe".”
O planeta está mais bonito, mais natural, parece que o homem era o morador
indesejável da natureza. Tudo está equilibrado, animais não cortam árvores para
fazer imóveis, nem fazem buracos em busca de aços, petróleos, nem precisa
utilizar o vento para criar energia, os animais apenas pegam os frutos e fazem
a caça natural, objetos que são maleáveis e que bastam para os outros animais,
mas que não basta para o homem.
As pessoas criaram muitos filmes com o tema fim da humanidade. Já foram
vistos asteróides colidindo com a terra, o mundo entrando em colapso, através
de composto químico, envenenando os seres vivos, robôs no futuro mandando na
terra, cataclismos da natureza como vulcões, erupções, tsunamis, maremotos e
terremotos, e até a terceira guerra mundial.
A natureza só impediu manipulá-la, não deixa mais retirar materiais, e de
certa forma acabou a humanidade, já que não é mais o predador da natureza. Sem
barulho, sem hostilidade, apenas manter o equilíbrio e impede o artificial,
torna o homem vulnerável a tudo, mesmo sendo mais consciente que os outros
animais. É o verdadeiro suplício de Tântalo dos dias atuais.
O trabalho O Suplício de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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