O Legista Brasileiro

Por: Júlio César Anjos

  

Mais uma onda de violência cristaliza na cidade, um homem de meia idade morre vitima das mazelas sociais, é assassinado de forma brutal pelos agressores.

O ato criminoso choca a todos que avistam o corpo caído no chão, demonstração de atos irracionais que o homem consegue chegar, as escoriações em toda a parte mostram que a maldade às vezes prevalece.

 O homem morre alvejado por arma de fogo e esquartejado por arma branca, parece que quiseram fazer o cidadão sofrer antes de morrer, torturaram o indivíduo com uma faca e o balearam ou vice versa, embora exista a certeza de utilização de duas armas letais, ninguém sabe o certo a causa morte do rapaz, então o certo é chamar o legista.

O Brasil é o país das estatísticas. Estatísticas fazem até candidato vencer eleição, pois o povo brasileiro vai muito ao embalo dos números, e, às vezes, os números não refletem a verdade, mas mesmo assim o brasileiro aceita as informações como se verdade fosse. O ano é de eleição e o prefeito não quer ficar mal visto bem no ano que decide mais quatro anos de trabalho fácil e bem remunerado.

O legista recebe o corpo gélido do defunto e realmente é verdade a informação prévia, o morto foi esfaqueado e baleado. Com a dificuldade de executar o trabalho porque não dispõe de um local adequado, só possui equipamentos antigos, muitas vezes quebrados, sem estrutura para desenvolver o trabalho, o legista começa a matutar a causa morte. Faz a conclusão da causa morte mais na base da preleção do que na investigação da necropsia.

 O legista sem muita saída, e com pressão para tudo quanto que é lado, decreta: “Bom, com a minha experiência adquirida nos longos anos que tenho de vida, descobri que um golpe de arma branca desferido em um cidadão provoca uma sensação gélida, de frio na espinha. Já quando uma pessoa é alvejada por um disparo de arma de fogo ela sente queimar. Então, a mistura entre o frio da sensação da faca, com a sensação de queimar da arma de fogo, indica que o homem morreu de choque térmico”.

O homem que levou várias facadas e tiros foi enquadrado na estatística do governo como: ”crime do choque térmico”.

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Com base no trabalho disponível em efeitoorloff.blogspot.com.