Por: Júlio César Anjos
O telefone toca e, de um lado da linha está um informante com novidades, do outro lado da linha está ansioso um jornalista, pronto a ouvir um furo de
reportagem.
As boas novas indicam que um juiz imputará com ação contra obras
irregulares, trabalhos feitos a toque de caixa pelo governo. Há indícios de
fraude.
A justificativa do juiz, para tal medida, está amparada pela suposição de
superfaturamento, escândalo de corrupção que será averiguada de forma mais apreciada
pela justiça do país.
O jornalista, com a informação em primeira mão, desenvolve a notícia,
destaca os problemas que levam o escândalo de fraude, com os problemas nas
obras, e coloca como herói o juiz que sozinho protocolou denúncia e atacou a
obra iniciada pelo governo.
Nas entrelinhas da escrita do jornalista, o fato dá a impressão que o
juiz é o bastião da moralidade e, como um anjo que caiu do céu, indignou-se com
a situação, agiu proativamente, decidindo dedicar tempo e suor de trabalho
contra as mazelas da sociedade.
Mas a verdade é que o juiz é amigo íntimo de um proprietário de
empreiteira. O juiz foi acordado no meio da noite, pelo colega empresário,
porque o empresário não ficou satisfeito com o resultado da licitação de
outrora, em que a empresa dele disputava a obra, da mesma construção que o juiz
embargou.
É coincidência, já diria alguém que não acredita em “teoria da conspiração”.
Um indivíduo qualquer nega a verdade que o juiz agiu por interesse no caso, e
acredita na benevolência de um homem, avalizando sobre aquilo que o jornalista
escreveu.
O Juiz, pela lógica do jornalista e da história plantada, sacrificaria
tempo, gastaria energia e criaria um suor sobre uma coisa que não afeta
diretamente o próprio juiz, em uma questão que ninguém denunciou, criando uma
ação, somente porque ficou “indignado” com a situação. Não acredito.
Todo mundo age por interesse e ninguém agiria e lutaria contra algo que não
o satisfaria. Tal medida, seja por causa de indignação, satisfaria a consciência,
mas agrediria o corpo, pois, o cansaço em lutar contra “o sistema”, é algo
muito desgastante. Já não basta o trabalho normal que aparece ao juiz, ele
ainda quer mais sarna para se coçar. Por isso não acredito em benevolência sem
interesse.
E a classe da “Toga” já não é um
grupo que gosta de suar a toa e trabalhar além da contra. Para os juízes,
quanto menos trabalhar e mais receber de salário, melhor para eles.
Ao ver movimentação no noticiário, dizendo que tal juiz entrou com ação
contra algo, saiba que há por trás algum player da economia, seja um sindicato,
ou uma ONG, ou uma empresa qualquer, que não ficou satisfeita com alguma situação
errônea ou resultado sobre alguma coisa que foi contra os interesses do player..
Em situações pequenas os juízes até fazem a benevolência, mas ações
grandes, nenhum juiz é bobo para arriscar o “couro” a toa.
De boa intenção o Inferno está cheio.
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui: