Por: Júlio César Anjos
As pessoas acham que o a consciência tem um peso fixo, um valor de medida
que somente é passado do limite caso infrinja alguma lei que extrapole a
normalidade. Mas qual normalidade?. A pergunta a ser feita não é se a pessoa tem ou não peso na
consciência, isso todos têm, a indagação correta a fazer é se o limite a obter
o peso na consciência é baixo ou alto.
Cada pessoa possui uma balança que mede o próprio peso da consciência.
Não existe uma balança universal, com um contrapeso pré-definido, que concretize
que tal evento errôneo individual seja algo que faça uma pessoa sofrer, como
não dormir, se preocupar, ou qualquer outra coisa que faça a pessoa adquirir o
peso da consciência. O peso da consciência é unilateral e intransferível.
As balanças, os pesos, e os contrapesos, da consciência são diferentes
para cada indivíduo. Algumas pessoas possuem tendências a ter peso na
consciência mais suave, até em casos pequenos, como ao falar mais asperamente contra outro
indivíduo – Esses eu chamo de contrapeso “de algodão” (leve). Já outras pessoas
não ficam com peso na consciência nem mesmo após cair em escândalo de
corrupção, esses indivíduos possuem o contrapeso de consciência mais elevado de
todas as pessoas – esses eu chamo de contrapeso de chumbo (muito pesado).
Eu já cansei de ver senhoras, de coração puro, revoltar-se ao ver na TV
um escândalo de corrupção que deixou a própria senhoria com vergonha alheia,
mas, pelo semblante do corrupto (na tv), parecia que nada tinha acontecido. As senhoras
usaram da balança da consciência delas para medir a consciência do cidadão
corrupto, e isso nunca dará certo porque, como já foi dito, cada um tem a
própria balança, o contra peso, e o peso na consciência. A velhota tem consciência de pena, já o bandido tem consciência de chumbo.
E por falar em balança, a equidade se dá através da justiça. A balança da
justiça mede o peso da infração na sociedade e não mensura as ações do
indivíduo que cometeu delito. Se a justiça usa a balança para o fim certo, ou
seja, para medir a ação e não a consciência de um infrator, certamente teríamos um país
melhor que temos hoje, pois medir ações é melhor que medir arrependimentos. Se
a pessoa não se arrepende e nem se envergonha do que fez, então ela fará de
novo, porque nada abala a estrutura inflexível de consciência de tal infrator.
A lei é o contrapeso da balança da justiça. E é no contrapeso que se obtém
informações para decretar a sentença a um infrator. Mas nos casos da corrupção
parece que não existe contrapeso moral, e mesmo infringindo a lei o cidadão
corrupto sai ileso da justiça. Trágico, a lei não usa a balança para o fim
correto, usa somente para fazer o trabalho enganador e nada mais.
A minha balança para medir o peso da minha consciência há tolerância, não
é tão rígida como a consciências das senhorias de coração puro, mas também não
chega ao descaso da falta de consciência dos corruptos deste país. Eu chego a
essa conclusão porque não cometi nenhuma falta grave, até agora, que me colocasse em uma
posição para descobrir até que ponto é o peso da minha consciência. Eu acredito
que a minha consciência seja de peso médio por falta de provações.
Há tantas pessoas se martirizando, com peso na consciência por coisas
bobas, indivíduos que necessitam de ajuda porque sofrem de depressão, stress e
outras doenças psicológicas, por não terem cometido crime algum, enquanto os
marginais andam soltos e sem sentimento de culpa algum. Enquanto pessoas boas
se matam com peso na consciência por ter brigado com um parente ou ter ofendido
um amigo – coisas fúteis -, há bandidos felizes e comemorando a liberdade, com
piadas justamente que vão de encontro a toda essa situação gerada pela própria
sociedade.
O dia em que as pessoas forem julgadas pelas ações, e não pelo
arrependimento e pela vergonha, a sociedade melhorará em questões éticas,
morais e de convivência entre os cidadãos. Pena que ainda hoje só julgam os arrependimentos e quem comete a ação nem sempre fica com vergonha do que fez. E não ficando com vergonha do que fez, não se auto penitencia, e, portanto, com a ajuda do contrapeso desajustado da justiça, bandidos continuam soltos e com a consciência deles limpa. Lamentável.
O trabalho O peso da consciência de Júlio César Anjos foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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