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Filantropia, o trabalho de interesse

Por: Júlio César Anjos
  
Uma pessoa muito revoltada com o sistema bruto da empregabilidade, desempregada, sem dinheiro, com raiva do mundo, criou a filantropia, o trabalho voluntário, para protestar sobre todo o sistema perverso dos homens.

A conclusão a chegar é essa, pois somente sendo muito benevolente, santo – o que é difícil nos dias de hoje ou muito revoltado - com terceiras intenções, para esforçar-se neste trabalho que não devolve um níquel sequer (na teoria), somente entrega sorrisos que não matam a fome e nem satisfazem desejos materiais, apenas confortam um pouco o coração.

As pessoas acreditam que a porta aberta - no mercado de trabalho - a um filantropo se dá pela áurea bondosa e caridosa do altruísta, sendo que em um determinado momento, tal trabalhador voluntário se desloca do nível que não põe comida à mesa, para outra atividade capitalista, capturado financeiramente por pregar a bondade. Como se o capitalista olhasse o coração e não cifras. E como se a chave para o sucesso fosse o altruísmo tão somente.

Esse pensamento é errôneo. O verdadeiro motivo de convidarem um voluntário para trabalhar remunerado é porque tal indivíduo está atrapalhando os anseios capitalistas (é um concorrente), e porque é um bom serviçal, um ótimo trabalhador disponível no mercado, já que aceita até mesmo trabalhar de graça, no estilo escravo, o que certamente pode vir a ser um bom explorado pelo “investidor”.

Filantropos, geralmente, são ricos entediados em não fazer nada e procuram atividades para preencher o vazio da agenda, pessoas que acreditam que sendo escravas em um curto período de tempo agracia a alma. Há também outros assistentes que crêem que tais estratégias abrem a porta do mercado de trabalho – mas acreditam pela crença (fé) e não pela estratégia de incomodar capitalistas -, e muito raramente há neste meio pessoas “normais” que realmente fazem a atividade sem nada em troca. Mas essas últimas pessoas citadas ficam escondidas na grande miscelânea de interesses dentro da atividade da filantropia.

Há muita hipocrisia e demagogia na filantropia do trabalho voluntário, e só quem se beneficia – direta e indiretamente – é o dono do estabelecimento, geralmente uma ONG, que consegue trabalho de graça e ainda é homenageado pela câmara dos comuns por ser explorador.

Mas há exceção da regra, há poucas instituições fidedignas atuando nesta área, com o menor interesse possível, apesar de haver um pouco de interesse, e que são banalizadas por causa da quantidade de aproveitadores que conturbam uma atividade que seria linda, magnífica, inventada pela humanidade, se não houvesse interesse por trás de tudo.

Licença Creative Commons
A obra Filantropia, o trabalho de interesse de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.


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