Por: Júlio César Anjos
A movimentação de elétrons, ao ligar a luz, castiga os meus olhos,
clareando de repente todo o espaço ao redor do meu quarto e, porque não dizer,
dos meus pensamentos longínquos, que rechaçam os problemas recorrentes de uma
mente perturbada, mas consciente.
Acordo de mau humor, no meio da madrugada, e sôfrego reluto à idéia de
buscar um copo de água na cozinha, devido à resistência às contingências
motivacionais da troca do conforto do leito macio e quentinho pela tarefa árdua
em pisar em um piso gelado, para satisfazer necessidades fisiológicas (urinar e
matar a sede).
Idéias cotidianas me perturbam de um modo mais agressivo que o pior
pesadelo que já tive, a visualização da realidade é mais idílica e hostil que o
pesadelo de uma ilusão mental. Volto para a cama e continuo a pensar sobre o
futuro. Só com milagre para salvar a sociedade atual brasileira.
Falando em milagre, que bom seria se existisse um mercado para compra de
milagres em que haveria comércio de compra, troca e arrendamento por qualquer
valor palpável à condição financeira, não importa, os indivíduos poderiam até
mesmo comprar um milagre para tentar conter a mediocridade que reina neste país
combalido moralmente. Mas seria necessário um milagre novo, zerado, um milagre
sobre a nova tendência de organização humana brasileira que está definhando a
cada dia, através de leis e regras impositivas. Como se respeito não fosse
mercadoria de troca.
Porém, milagre só se alcança através da fé, crença essa que desisti de
buscar faz tempo porque as orações nunca são atendidas. Se o espiritual ficar
em crise e precisar fazer acordos com os mortais, estou disposto em negociar
tal milagre que quero comprar por algum valor monetário. Ficaria pobre, mas
estaria inserido em uma sociedade justa.
A “sociedade justa” de hoje quer a todo custo impelir a segregação para não
revelar o fato da incapacidade de gerir o estado e manter a ordem. Então,
diante disso, criam subcategorias de infrações que não funcionam na teoria e
nem na prática, só servem mesmo para dar conforto à minoria que se sente
perseguida, fornecendo a “sensação” de igualdade, liberdade e fraternidade,
amparada por uma mancha de tinta em papel. Hipocrisia
inútil.
Se segregações funcionassem nunca mais avistaríamos grupos neonazistas
inflamando blasfêmias preconceituosas em todos os cantos do mundo, nem pessoas
defendendo terroristas como Osama porque lutou contra o imperialismo, e muito
menos indivíduos justificando erros de complexidade moral e ética porque a lei
impediu.
O ser humano é complexo e não é uma decisão de encapuzados que mudará
todo o contexto de violência que assola o país. Os magistrados tentam minimizar
os problemas sociais energizando mais mecanismos anti sociais. Um desvirtuado
não vê leis, nem ética, nem regras de bíblia e muito menos constituição, um
cidadão fora de condutas passará por cima das leis e cometerá atrocidades sem
pensar no que está escrito em alguma ferramenta legal.
Puxo a orelha do cobertor até ficar submerso pelo tecido que mantém o
calor do meu corpo aquecido, fecho os olhos e durmo, o dia foi difícil.
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