Por: Júlio César Anjos
Em um dia bonito e ensolarado de verão, há uma pequena manifestação
provocada por um homem de vida pública, que foi eleito pelo povo para governar
uma cidade progressista, capital do Estado.
O dia é importante para o povoado porque data a inauguração de um grande
e extraordinário obelisco, um cilindro gigante de vidro que marca a quantidade
de água - no estilo dos cilindros de laboratório (figura1 abaixo), uma espécie de depósito transparente, parecido com o cilindro
utilizado por cientista para medir a quantidade de substância liquida
necessária para tal evento cientifico (vidreiro de laboratório), mas com o tamanho monumental. O monumento é chamado como: "O Grande Vidreiro".
O obelisco é funcional, retira o excesso de água das chuvas que transbordam
do rio e represa nesta comporta até a tempestade passar e, após as águas caírem, o grande
instrumento devolve a água excedente ao leito do rio. Este instrumento tem conexões de
tubos com 2 metros
de diâmetro que canalizam a água em excesso, que é bombeada até este
reservatório.
O obelisco realmente é lindo. O sol cristaliza e faz brilhar o vidro,
dando uma sensação de limpeza, clean. Então, olho para baixo e começo a prestar
a atenção sobre o que o governante fala. O senhor diz que é um avanço para a
sociedade e blá, blá, blá...; E todos que estão acompanhando a inauguração batem palma antes
mesmo do encerramento das frases de pronunciamento, parece que está tudo sendo
aceito para aquele povoado.
O prefeito corta o laço vermelho que envolve o obelisco, e manda começar
o início de capitação da água do rio, uma pequena amostra do funcionamento da
nova ferramenta que reduzirá os problemas causados pela chuva. Aciona o dispositivo
e o aparelho começa a funcionar, a água começa tomar conta do obelisco, com o cheiro e coloração que deixa a mostra como uma cidade pode ser capaz de
destruir um rio e a natureza.
O obelisco fica todo tomado pela água do rio, que chega a incríveis 10000 metros cúbicos
de água, quantidade impressionante. A água é turva, há muita sujeira também e
as densidades dos resíduos vão se organizando entre a superfície e base da
comporta.
Eis que após alguns instantes de agitação e todas as substâncias organizadas ao seu modo, aparecem vários objetos como roupas, pneus, outros entulhos e, por incrível que pareça, corpos de pessoas dentro do cilindro (o obelisco). Imaginem só, corpos em decomposição boiando dentro do grande obelisco, justamente no dia da inauguração, estourando vergonha alheia entre as pessoas envolvidas que estavam na inauguração. As pessoas ficam assustadas, o prefeito abalado e todos acabam de encontrar a desova dos bandidos... É o rio em questão.
Eis que após alguns instantes de agitação e todas as substâncias organizadas ao seu modo, aparecem vários objetos como roupas, pneus, outros entulhos e, por incrível que pareça, corpos de pessoas dentro do cilindro (o obelisco). Imaginem só, corpos em decomposição boiando dentro do grande obelisco, justamente no dia da inauguração, estourando vergonha alheia entre as pessoas envolvidas que estavam na inauguração. As pessoas ficam assustadas, o prefeito abalado e todos acabam de encontrar a desova dos bandidos... É o rio em questão.
A estatística de desaparecimentos diminuem enquanto os de assassinatos
aumentam. Questão de lógica.
O obelisco foi desativado da função principal e hoje é somente mais um
ponto turístico da cidade. Aos olhos do turista tudo está perfeitamente normal.
Aos olhos daqueles que viram a verdade, só resta resignar e apreciar a beleza
deste maravilhoso monumento da cidade. Esquecer? Jamais!
A obra A Inauguração de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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