Por: Júlio César Anjos
O leito que me deito hoje é uma cama aconchegante, mas amanhã será,
possivelmente, uma maca desconfortável, porque hoje tenho poder e sou
importante, porém amanhã serei descartável, sem força para levantar.
Existem vários leitos durante a vida: o leito da criança é um pula-pula,
brincadeira inocente; do jovem é a mola do sexo, o prazer a dois (ou mais); do
adulto é uma ferramenta para relaxamento e descanso;
e do velho é cronômetro de contagem regressiva, já que cada noite de aposento é
um dia a menos de vida.
Então, o que resta a fazer é desocupar o leito. Se você está morrendo, ou
seja, não tem como se salvar, morra depressa para não incomodar os parentes que
estão a sua volta querendo em alguma data comemorativa, no calendário,
festejar.
Mas se você só está doente e vai ficar bem, então se junte a nós que estamos
zens e buscaremos alegrias, felicitações e congratulações com outrem, que
também anseia a felicidade sem se importar se a pessoa tem ao menos um vintém.
Se você está deitado só para relaxar, levante-se agora mesmo e comece a
trabalhar, ou então arranje outra coisa para o tempo passar, só não pode ocupar
o leito que outra pessoa precisa usar.
O leito foi feito para ser pouco utilizado durante o dia, mas muito
apreciado durante toda a vida, com as mais variadas funções que a cama sempre
teve. Vamos, ande, desocupe o leito!
A obra Desocupe o Leito de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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