Por: Júlio César Anjos
Recentemente Chico Buarque lançou uma música intitulada como: "Querido Diário",
que de nada parece romântico, mas muito se assemelha a uma charada indecifrável, uma dúvida que paira no
ar.
A música é temporal cronológico, em que: o sujeito acorda de manhã, vê os
amigos, se abisma com o mundo atual, faz reflexões, e indica que mais à frente
os inimigos irão fazer ataques contra ele.
Na primeira estrofe os amigos o apóiam
sobre alguma coisa que o afeta, repare que não está explícito que a solidão se
dá para o fato amoroso, carnal, entre um homem e mulher, mas sobre um solidão
qualquer, uma luta que ele trava e que, no momento, ele vive sozinho. Os
amigos, sim, estão com pena dele viver sozinho. Será algo relacionado ao
preconceito? Homossexualidade? Não ficou explicito.
Na segunda estrofe Chico Buarque se difere dos demais cidadãos, que são
agressivos, raivosos, tiranos. buarque se posiciona como um homem que tem ternura, afaga um cachorro na rua,
mostrando que ele tem sentimentos, enquanto os outros cidadãos na rua disseminam animosidades.
Seria aqui algo ligado à visão de mundo? Ideologias? Crenças? Valores? Pode ser
uma visão política, talvez. Também não ficou explicito.
Na terceira estrofe Chico se
indaga em até mesmo apelar para a fé, em que aceita ceder ser um religioso e permite
amar até mesmo uma santa em forma de estátua (mulher sem orifício), em troca da
ajuda espiritual à batalha que luta sozinho. Repare que ele insere a palavra
talvez entre vírgulas, para mostrar que talvez ele seja religioso se as preces
forem atendidas e talvez ame uma mulher sem orifício por causa da vitória da
batalha que luta sozinho.
Na quarta estrofe Chico Buarque diz que "hoje" (naquele momento) descobriu o amor que o amor é uma
obscura trama, e a partir deste momento não bate mais nem com uma flor, e que
se o amor chorar (ficar triste) tornará vivido o amor que já tinha pela causa
subliminar que ninguém sabe até então. É o zelo por algo que passou a creditar? Não dá para saber.
Na quinta estrofe (última) Chico Buarque fala sobre os opositores que o
esperam para atacar, mas não adianta bater, ofender, porque os ataques são abafados
porque não o atingem da forma que o opositor, inimigo, assim deseja. Quem são
os inimigos? Os preconceituosos? Os conservadores? Os críticos?
A única certeza que há nesta música é que não se fala diretamente sobre
um amor entre uma mulher e um homem, é algo maior que um simples texto lírico.
Cenário1: Ele é homossexual, luta contra a tirania da sociedade que não
tem afeto humano, luta contra o preconceito, mas mesmo assim nada o afeta
porque o que ele ama é a trama de tudo isso;
Cenário2: é ideológico político, vê o país perdendo o amor da humanidade,
roga aos céus para mudar, mas ama lutar contra os tiranos e nada para o modo
dele pensar, nem mesmo a paulada dos inimigos.
A obra Querido Diário - Chico Buarque de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
Na primeira estrofe pode significar também que ele é ateu.
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