Por: Júlio César Anjos
Há uma frase muito conhecida sobre a sociedade que diz: “é você quem faz
o lugar”, tentando convencer-te que a mudança individual pode alterar todo o
sistema. Balela; é conversa de pastor.
O ser humano é um predador por natureza, ser vivo que acha que está acima
dos demais animais por ser racional. Tal entendimento faz com que o animal
racional viva em sociedade e se dedique a regras para um melhor convívio entre
os iguais. Tudo muito bonito, mas na prática a teoria é outra.
Um indício de prova que estou certo é a questão de mobilidade dos
indivíduos por causa da classe social ou por um gosto de viver em uma
localidade qualquer. A mudança refuta de
cara que uma pessoa faz o lugar, pois a partir do momento que o cidadão obtém condições de algo melhor, certamente o sujeito mudará de localidade e não
gastará energia tentando moldar o meio que vivia até então.
Se o indivíduo está em um ambiente hostil, certamente quer sair de tal
local nocivo e até passa na cabeça do cidadão modificar o atual local para se adequar
a um sistema melhor, mais harmonioso, mas o fato é que nem todos querem sair do
ambiente hostil e a mudança é inflexível nestes casos, porque o fracasso está
impregnado em tal sociedade medieval.
Tanto é verdade que há muitas pessoas boas nas favelas, é sabido, mas por
que, afinal, as pessoas boas não conseguem modificar o ambiente para ficar em
condições melhores? A verdade é que ninguém faz o lugar sozinho e tentar
modificar o ambiente sem ajuda alguma só torna o lugar mais desagradável para a
própria pessoa que quer melhorar o o bairro, a cidade e etc.
Mas alguns tentam mudar de local e viver em um padrão que forçosamente
tentam manter-se, fazendo com que seja uma luta diária a permanência em tal
grupo social, deixando o indivíduo a beira da loucura para continuar vivendo o
sonho. Caso o fracasso vença, o cidadão fica amargo e culpa terceiros pelo
posicionamento social que a própria pessoa forçou obter, sem ter a mínima
condição. É a estória do assalariado que realiza o sonho de comprar um carro
zero e, após alguns passeios, bate no poste e não tem dinheiro para consertar o
veículo, pois comprou o possante a prestação – e não teve dinheiro para pagar
seguro. A vida é cruel e guarda surpresas.
Mas o pior é quando essas pessoas, as que forçam a classe social,
contaminam o ambiente trazendo a hostilidade que outrora teve em vida, poluindo
a pacata civilização que até então estava em plena harmonia. Esses eu chamo de gafanhotos,
pois são pragas iguais aquelas do Egito antigo. E há vários vizinhos gafanhotos
tentando destruir a sociedade.
É você quem faz o lugar? Só se obter ajuda de um grupo que esteja
disposto a gastar energia e tempo para modificar o meio, caso contrário, uma
andorinha não faz verão.
A obra É Você quem faz o lugar? de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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