Por: Júlio César Anjos
A profissão mais demagógica de todas com certeza é a do contratante para
as empresas, consultores, psicólogos, entrevistadores, todos do ramo são os
hipócritas profissionais.
Antes de tudo quero deixar claro que sou um crítico e, com certeza,
minhas ponderações afetam algum ponto específico, seja elogiando – o que é raro
-, seja criticando o ponto de vista observado. Portanto, faço a mesma coisa que
o porteiro (empresas de contratação) das empresas fazem, seleciono o que eu
gosto e o que eu não gosto refuto.
Em qualquer estabelecimento de recrutamento e seleção você verá a mesma
coisa, as mesmas aplicações de ferramentas de seleção, as mesmas meninas bem
vestidas e bonitas (sensuais), a mesma demora, o mesmo plano de entrevista e
quase sempre as mesmas pessoas. O que muda um pouco é a disposição física dos
móveis e utensílios e do imóvel que vai desde a casas de madeira até últimos andares de
prédios.
Análise de perfil? Sem essa de analisar perfil, quem faz o perfil é a
própria pessoa amarrada a um cadastro, sem saber o que escrever, pois os
“profissionais da área” podem torcer o nariz ao ler algo que não convém e tudo
estará perdido. O desempregado desesperado que já passou por essa situação
imagina a cena com facilidade.
Eles (os profissionais de RH) não têm a obrigação em escaloná-lo em outra
área de atuação porque não possuem obrigação social nenhuma. Então, sempre há a desculpa que pegarão o
currículo e tentarão posicionar-te em outra área mais adequada, mas na verdade
jogam fora o seu curriculum e se o indivíduo quiser participar de outro evento
tem que enviar o documento de volta. Brincam com vidas.
Não há o mínimo de profissionalismo nessa área, o amadorismo grita aos
olhos daqueles que são mais profissionais e por uma eventual situação estão
desempregados e vêem com os olhos resignados tudo o que acontece a sua volta.
Deprimente, os profissionais de RH deveriam dar exemplo e não é o que acontece
na maioria das vezes.
O único resultado da entrevista é que o contratado tem o mesmo perfil da
contratante (entrevistadora), pois a entrevistadora só quer ouvir o que quer,
caso alguma coisa esteja fora ao que soa aos ouvidos dela, prontamente descarta
o sujeito do recrutamento e seleção. O que me leva a crer que só muda o
estereotipo físico do indivíduo, ou seja, há gordinho, baixinha, careca,
cabeludo, mulher, jovem, mas no estilo de pensamento a pessoa é muito parecida
com a selecionadora, conclusão que chego é que empresas possuem espécies de
variados clones, na esfera comportamental, da recrutadora.
Mas veja o lado positivo, pode não haver conflito já que não há
diferenças de pensamentos porque todos são iguais, certo? Errado. A maior luta
provada é aquela que o sujeito tem consigo mesmo e ter várias pessoas “iguais”
em pensamento em um mesmo ambiente pode ser mais nocivo que se tivesse várias
cabeças pensantes de forma diferente. Aí não sabem o porquê empresas quebram, lógico, o
filtro é ruim, mas olham o motor na esperança de encontrar o problema no local
errado.
Diante de toda essa mediocridade, vem, enfim, a tortura aos desempregados
através das regras básicas, a receita do bolo para encontrar um emprego. Em
minha opinião, essa atitude é a mais hipócrita de todas, pois criam um sistema
para fazer o indivíduo ruim criar uma mascara e se juntar a todos os outros bons e ruins,
colocando o errado em pé de igualdade ao certo. O adestramento é mais ou menos
assim: Coloque roupa social; fale educadamente e apenas o básico; não coloque
muito perfume; e seja cordial. Portanto, fazem uma maquiagem do ser que nem
deveria estar ali e a empresa contrata esse sujeito. Parabéns.
Outro fator observado é a obrigatoriedade em experiência profissional.
Essa exigência é um filtro para que não apareça a população de uma cidade
inteira por um anúncio de emprego. Até porque após o profissional experiente
ter sido contratado, com certeza o indivíduo será treinado para executar o
serviço. Parece piada, mas é verdade.
Uma vez eu fiz uma entrevista e falei que era contra as drogas, tatuagens
e que era conservador, que gostava de princípios com bases familiares e com
pensamento cristão. Anos após fiquei sabendo que a moça gostava de drogas,
tinha tatuagem, e era lésbica. Mas os valores da contratadora não pesou o meu
posicionamento em relação a vida, imagina...
O problema de termos profissionais e empresas de RH inadequadas podem ser
explicados pelo fato do comportamento do país, o jeitinho brasileiro. É a nação
do “tapinha nas costas”, o país que o coleguismo sobrepõe a meritocracia. Aponte-me
um escritório qualquer e eu direi que há um pelego sem a mínima condição
profissional colocado por padrinho, pelo QI (quem indica).
Portanto, o Brasil não vai pra frente.
A obra Profissionais de RH de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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