Por: Júlio César Anjos
A falta de um inimigo plasmado, visado, verdadeiro, faz com que todos
os amigos comecem a virar inimigos, pois sempre haverá embates, batalhas e dois
lados de qualquer situação contextualizada, defendida ou amparada.
Para quem você apontará erros, sendo que não há um inimigo público,
predeterminado? Se não há outro lado da força, e mesmo assim as coisas não vão
indo bem, é porque os amigos estão virando inimigos, fato.
Pegarei, então, a política para criar uma linha de raciocínio e não
deixar o texto vago e prolixo no leque de inimizades que existem em várias
áreas como pessoal, familiar, profissional e etc. Tratarei a posição de
inimigos na questão política, pois fica mais objetiva a apresentação do conteúdo
escrito.
Em outubro houve eleição na esfera federal e a urna apontou claramente
que a oposição saiu devastada na questão eleitoral na teoria, mesmo isso não
refletindo na esfera prática da vida, algo que falarei mais tarde. Pois bem,
após a apuração deu-se que o PT estava muito bem ofertado de correligionários
da situação, então todos os cientistas políticos partiram da premissa que todas as questões polêmicas
seriam aprovadas em tempo recorde e tudo sairia perfeitamente bem no script
elaborado pela situação.
Passaram-se seis meses e a situação já coleciona duas derrotas
históricas. A primeira derrota é sobre o código florestal, a bancada ruralista
mostrou força, foi contra a orientação do PT e votou conforme o que fosse
melhor para os interessados rurais, não importando se o partido aceitava ou não
o posicionamento do voto. A segunda derrota está sendo construída pela troca da
retirada do kit gay pelo abafamento do caso Palocci, criando uma defesa do
aliado político com o preço de um posicionamento ideológico, porque a bancada
religiosa mostrou as garras e poderia começar a também ir contra o atual governo.
O PT descobriu, a duras penas, que o maior inimigo político da situação é
a sociedade organizada. O sujeito político que vira um legislador de uma região
não pode, em momento algum, bater na mão que computa votos para ele, pois se
fizer isso é suicídio político. Um ruralista, eleito para defender os
interesses dos agricultores rurais, por exemplo, nunca poderia votar contra os interesses da
agricultura por motivos óbvios. A mesma situação acontece com a a segunda maior bancada do congresso, a religiosa, que estava engasgada
com o kit gay e resolveu um deslize da situação para barganhar sobre o assunto e fazer a troca do fim do kit gay pelo apoio em determinado momento, mostrou a
força da bancada e asfixiou o posicionamento unilateral do PT.
Como dizia um amigo meu: “Nem puta você come a força” – desculpe a
expressão -, mas é uma verdade, não se faz nada pela imposição à força, mesmo
tendo a maioria da banca aliados que não são tão aliados assim, pois votaram
contra a união pela legenda. Tentar na democracia impor qualquer coisa terá
várias derrotas mesmo, porque imposição só dá certo se for de encontro com o
que a sociedade organizada acredita e que seja bom para a maioria dos
interessados.
E nem tem como a situação apontar o dedo para a oposição e dizer: “Olha,
é culpa deles”, já que a oposição está pequena numericamente no plenário, e sem
força para articular nada contra a situação, ficando refém dos delírios da
situação. Neste cenário sombrio seria
até bom para a situação ter uma oposição numerosa, pois poderia culpar o
inimigo e aliviar o fardo da derrota por causa de traição.
Eu vejo que o PT não sabe lidar com democracia, basta ver que em nenhum
momento, na questão do código Florestal, tentaram criar uma relação de
ganha-ganha entre ambientalistas e ruralistas, fazendo com que todo mundo ceda
um pouquinho e torne o projeto bom para todos, o que é o certo a fazer.
Cria-se, então, uma queda de braço e se posiciona escancaradamente em um lado,
tornando o outro lado um inimigo declarado aos interesses impositivos dos
petistas. Como já dizia FHC (Fernando Henrique Cardoso): “política é conversa”,
ou seja, política é chegar a um acordo, na harmonia, na paz, para que todos
façam parte da prosperidade da nação.
Eu Fiz dois textos, há algum tempo, que já direcionavam essa ideia sobre a míopia em conhecer o inimigo e o repúdio que comunista/socialista tem com a democracia. Os dois textos são:
Sociedade Tabuleiro: http://efeitoorloff.blogspot.com/2011/05/sociedade-tabuleiro.html
José Dirceu - O Ético!: http://efeitoorloff.blogspot.com/2010/11/jose-dirceu-o-etico.html
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Adendo do texto A falta do Inimigo Materializado:
Eu Fiz dois textos, há algum tempo, que já direcionavam essa ideia sobre a míopia em conhecer o inimigo e o repúdio que comunista/socialista tem com a democracia. Os dois textos são:
Sociedade Tabuleiro: http://efeitoorloff.blogspot.com/2011/05/sociedade-tabuleiro.html
José Dirceu - O Ético!: http://efeitoorloff.blogspot.com/2010/11/jose-dirceu-o-etico.html
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Adendo do texto A falta do Inimigo Materializado:
O PSDB conhece o inimigo. O PSDB vai contra toda forma impositiva de governar e a aprovação ou rejeição de qualquer causa deve ser debatida, analisada, e avalizada da melhor forma possível, com a aceitação de todos. O PSDB é democrático na prática, aceitou a derrota pacificamente, não criando animosidade com “os vitoriosos”, fazendo os posicionamentos necessários, e ganhando força da sociedade organizada. O PSDB não vota de forma fechada, pois dentro do PSDB há vários filiados das mais variadas tendências e pensamentos, filosofias e crenças.
O posicionamento de um tucano é uma democracia social, tendo como inimigo
todo ditador e impositor que não entende os anseios de uma sociedade
organizada. O PSDB também entende que o maior protesto que pode ser feito é na
urna, na época da eleição, com a seguinte pergunta: “Está tudo ok?”, se estiver
continue com a situação, caso contrário experimente a oposição.
O PSDB conhece o inimigo, o PT não.
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