Por: Júlio César Anjos
Tudo na vida tem o outro lado da moeda: se há o bem, então há o mal, se
há o par, então há o ímpar; se há o amor, há o ódio. E Se existe a elite
dominante na nossa sociedade, qual é o outro lado da moeda? A Ralé recessiva,
lógico.
Uma ralé recessiva (Analogia ao gene da Biologia) só se manifesta na
ausência do seu sistema contrário, a elite dominante. Essa ralé é chamada de
recessiva porque fica escondida (em recesso) nos grotões das grandes cidades
conurbadas pelo crescimento desordenado, causando problemas sociais.
Cidades conservadoras e progressistas são os habitats do sistema elite
dominante. Essas metrópoles geralmente não permitem que o sistema ralé
recessiva floresça, asfixiando na raiz qualquer indício de seu crescimento.
Já localidades primitivas são ninhos do sistema ralé recessiva. Os
habitantes destas regiões impedem que os moradores locais tenham até mesmo um
pensamento (sonho) elitista, fazendo com que qualquer tendência de crescimento
seja refutada pelos habitantes de tal localidade. Geralmente a ralé recessiva
sobrevive através dos mecanismos de salvaguarda de algum governo social
(relação parasita/hospedeiro).
Mas até aí, tudo bem, cada sistema fica em sua harmonia e até certo ponto
não gera conflito de natureza maior. O problema acontece quando uma região
possui os dois sistemas, a ralé recessiva e a elite dominante, que se conflitam
toda hora. Uma cidade que possui os dois sistemas terá lutas diárias até um
lado sagrar-se vencedor.
Muitas pessoas têm interesse nos conflitos dos sistemas, já que se
abastecem de recursos financeiros tanto para “tentar a paz” quanto para
continuar a guerra. Os indivíduos que pensam sobre a elite dominante acreditam
na riqueza, no poder, na escolha. Já os sujeitos que entendem sobre a ralé recessiva
querem que todos sejam iguais na miséria e na ignorância generalizada. Uma
coisa é certa: as pessoas que dão combustão tanto para “tentar a paz” quanto
para “continuar a guerra” são elitistas porque gostam de dinheiro, luxo e etc,
é como se um juiz de futebol fosse torcedor de um dos times que estão jogando.
Portanto, ao cerrar os dentes e esticar os nervos do rosto de raiva,
blasfemando contra a elite dominante, pense que talvez você esteja defendendo –
nem que sejam inconscientemente – as ralé recessiva. Será que uma região que
tenha só a elite dominante é ruim de viver? Será que a ralé recessiva deve
tomar conta da sociedade? Será que você que odeia a elite dominante não queria
ser da elite dominante e, por ser frustrado e fracassado, amaldiçoa tal sistema
por que não faz parte dela?
E a última pergunta:
A luta de classes de Marx é igual à luta dos genes de Mendel? Pergunta
retórica.
Eu quero ser elite dominante, e você?
Ralé Recessiva de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Based on a work at efeitoorloff.blogspot.com.
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