Por: Júlio César Anjos
A prefeitura de uma cidade qualquer está em processo de decisão
eleitoral, conversa de boca em boca por toda a região e não se fala nada alem
dos dois candidatos que estão buscando o cargo máter da sociedade.
Mas a confrontação está desequilibrada, um dos candidatos possui plena
vantagem sobre o outro candidato, fazendo com que a decisão seja feita antes
mesmo da apuração dos votos. Enquanto uma equipe política já começa a brindar a
possível vitória arrasadora, a outra turma está meio que limpando os cacos
quebrados de uma campanha inovadora, porém perdida.
O candidato em vantagem é republicano e o concorrente em desvantagem é
democrata. A campanha está chegando ao
fim e a única possibilidade de ser revertido o placar é no último debate entre
os adversários, mais um crivo para os republicanos, e último suspiro para os
democratas.
O dia do debate chega, os dois candidatos estão tensos, embora haja no
semblante do republicano um ar de confiança e no rosto do democrata cansaço, os
dois chegam cortejando o povo que fica na frente da emissora de TV. O democrata
tem uma carta na manga, estudou as regras de debate a fio e sabe que há quatro
intervalos nos blocos sobre assuntos, sendo: Política econômica (investimentos,
infraestrutura), política social (saúde, educação), Lazer (entretenimento,
diversão) e assuntos diversos – além é claro das considerações finais.
A única diferença que o candidato democrata demonstra é em relação a seu
tamanho, pois parece estar maior que nos dias anteriores. Alguém passa por ele
e pergunta se engordou e ele responde que somente está com frio, e está usando
muitas roupas.
O debate começa com o democrata explanando tudo sobre a sua proposta de
campanha, com o seu terninho em ordem e a firmeza de alguém que sabe o que está
falando. O debate sobre política econômica vai muito bem até que termina o
primeiro bloco.
O próximo bloco é sobre política social e o democrata fica nervoso em por
em pratica a insanidade que tinha planejado para os próximos blocos. Respirou
fundo, resolveu fazer, e com um passe de mágica o candidato tira o terno
(calça, camisa também) e fica vestido com um jaleco de médico. Era a roupa que
estava por debaixo dele e que o tornava “gordo”. O segundo bloco acaba e
ninguém achou tão maluco e alguns da platéia ficaram até entusiasmados com o
novo, vestimenta de acordo com a pauta de discussão.
Chega o terceiro bloco, novamente o governante tira o jaleco e aparece
com uma roupa parecida com um macacão que criança usa, dando a entender que é
uma criança descontraída na pele do governante. Muitas pessoas começam a gostar
do jeito insano do candidato. O único que não gosta do fato é o candidato republicano,
que pede para ver se é permitido tal artifício. Não consta nada que desabone a
conduta do democrata e continua a mudança.
O quarto e último bloco começa e o democrata agora vem fantasiado de
homem comum, com calça jeans e camiseta. Explica todos os processos do
planejamento de campanha e, ao mostrar um elástico, explica a analogia do
elástico:
“o elástico é um artefato sem muito valor quanto ao preço, mas quanto a
funçaõ e uso o elástico possui N variedades como prender o cabelo da moça,
virar uma arminha de brinquedo para arremessar papel em uma sala de aula com
crianças, montar em fardos dinheiro, virar pulseira se colocar contas e até
mesmo vedar um cano para solucionar o problema temporariamente. O elástico
possui muitas funções além de esticar e encolher.
O candidato do governo, após explicar a analogia do elástico, comprara o
artefato com a campanha dele que será flexível, multifuncional e com um valor
funcional e não precificado. O democrata agradece aos telespectadores, aos
envolvidos no debate e ao concorrente pela demonstração de democracia conferida
aos dois naquele momento.
No último instante antes de acabar os minutos que restam, ele pega duas
fotos coladas em um cabo de picolé e segura as duas fotos ao lado do rosto,
formando uma espécie de quadro da família dele, tendo a sua mulher no lado
direito e seu filho no lado esquerdo, falando sobre resguardar os laços familiares
e ter uma base sólida da sociedade.
O democrata não venceu a eleição, mas mexeu com o povo daquela
cidadezinha que ficou pensativa sobre tudo o que o candidato fez para mostrar
aos eleitores. Perdeu por pouco, mas poderia ter levado uma surra, acredito que
funcionou.
A obra Eleições de Júlio César Anjos foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em efeitoorloff.blogspot.com.
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