Por: Júlio César Anjos
As mulheres seminuas, as letras mal elaboradas, as danças que nem de longe parecem com samba, as músicas parecidas umas com as outras, o povo gastando tempo e dinheiro do ano todo para um simples gosto; isso é o carnaval.
Os amargos que não gostam do carnaval concordarão comigo, o carnaval não deveria existir, certo? Errado. Vou defender esse entretenimento, porque acredito no diferente e no conceito da variedade para que possamos escolher da melhor forma e termos a consciência que o que decidimos foi através de uma gama de situações e ações.
Diz o ditado que devemos provar o amargo antes do bom. Pois bem, já escrevi sobre gosto, escolha, e por isso entendo que a pluralidade é essencial para as nossas vidas, então, é claro, deve ter o bom, o ruim e qualquer outra variação entre estes dois pólos.
Eu não gosto do carnaval, mas respeito quem gosta. Os descontentes defendem-se, atacando a brincadeira organizada da sociedade, dizendo que é coisa de vadio, pessoa desocupada que não tem nada pra fazer. Mas na verdade o povo precisa de festa, alegria, pois só a realidade do dia-a-dia faz uma nação inteira desmotivada e o brasileiro é um povo feliz apesar dos pesares. Tirar o entusiasmo da nação é matar o país por causa de uma crítica insana dos descontentes que forçam todo mundo pensar igual a eles.
Carnaval poderia ser mais bem explorado, obter ajuda de universidades e tornar a festividade cada vez mais tecnológica e com diferenciais que tornassem o entretenimento exibido na TV como algo extraordinário, trazendo o futuro, novas tendências de moda, música, estilo e tecnologia mecânica, eletrônica, mecatrônica e etc. Vejo potencial de um objeto de estudo mais aprofundado através da organização do evento, criando qualidade para até mesmo conquistar inovações tecnológicas e sociais.
O problema do carnaval da TV é o pragmatismo do previsível, da mesmice, mas essa festa comum sem exibição, ou com a extinção do evento, faria com que o Brasil tivesse um vazio que seria difícil de preencher, porque é da natureza do brasileiro ser carnavalesco, é da cultura, é da tradição do povo ser feliz ao modo nacional. Não seja baixo astral e respeite quem gosta do carnaval. Eu não gosto do carnaval, nem ligo a TV ou qualquer coisa do gênero para ver sobre o evento, mas quero que tal festa tenha continuidade nos anos vindouros por que: quanto mais coisas diferentes, melhor.
A pessoa que não gosta do carnaval deve chegar para o chefe e falar: “Eu odeio carnaval e quero trabalhar todos os dias do feriado do carnaval, pois não sou hipócrita e muito menos demagoga”. Não, você não faz isso, você desfruta das férias forçadas com bom grado para descansar. Então, pelo calendário de feriados você tem por obrigação defender a continuidade do evento.
Gorbachev tentou eliminar a dependência de vodka, que o povo russo passava, através de limitações e regras legislativas, mas o povo não quis e foi refutada pela aclamação popular. O mesmo ocorre no Brasil com a cerveja e o carnaval, mesmo que alguém tenha coragem de tentar eliminar a festividade ou a droga lícita (a cerveja), o povo irá contra tal medida porque já está impregnado na sociedade tal vício.
A única coisa que concordo com os críticos é sobre a balela que os defensores falam que o carnaval faz girar a economia. O carnaval não tem efeito multiplicador para girar a economia justamente por ser algo pragmático e não com perfil mercadológico (pesquisa) como eu disse anteriormente. O giro do carnaval mataria de fome um pai de família, caso o senhor dependesse o ano todo do giro do entretenimento. O carnaval dá um lucrinho só na época do acontecimento do evento. Não faz efeito multiplicador, mas poderia fazer.
Por fim, querendo ou não o Brasil é reconhecido internacionalmente pelo BBB (bola, batuque e bunda) e não será a curto prazo que será desfeito esse estereótipo. E o carnaval é uma das expressões do tal BBB citado neste parágrafo.
Somente desligue a TV e/ou vá para um lugar bucólico descansar, mas não fique atacando um entretenimento vital para toda a sociedade. Primeira vez que defendo algo que não gosto.
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