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O futuro

Por: Júlio César Anjos

O ano é de 3250, estou terminando de ler o livro de física quântica e feliz por mais um dia ter passado tranquilamente, não chove faz uma semana, o sistema de irrigação da cidade já foi acionado 3 vezes, mas há previsão de chuvas para a semana que vem.

O sistema educacional e a educação social são rígidos. As pessoas ficam 10 horas estudando, sendo que aprendem de física quântica – por isso estou lendo o livro – até bons modos e comportamentos sociais. Os robôs identificam palavrões e multam as pessoas que se comportarem mal, seja de qualquer forma, não dá para burlar a inteligência artificial dos robôs.

O último homem deixou de ser operário nesta semana, saiu em todos os jornais a grata surpresa, em uma década de antecipação os seres humanos conseguiram tornar 100% (cem por cento) robotizadas as empresas.

Agora é tudo mecanizado, as pessoas possuem títulos das empresas e recebem uma debênture mensal que se tornou o único fator de renda da população, permitindo fazer as comprar e girar o capital da cidade. Desde o balconista até garçonete, todos são robôs. O ser humano ganhou mais tempo para utilizar do jeito que melhor queira o tempo, embora ainda hajam algumas mazelas na sociedade.

Àqueles que não possuem títulos das empresas rentáveis, ou que possuem títulos de empresas que foram à bancarrota, recebem um título do governo e com a debênture mensal da empresa do estado, conseguem sobreviver com o mínimo de sustento. Há certo conforto, mas sem o esbanjamento permitido àqueles que possuem mais crédito. Os acionistas do Estado possuem todos os direitos que são adquiridos à constituição, até felicidade (lei da época de tal Cristovão Buarque) utopia na época que escreveram.

Devido aos melhoramentos da ciência e tecnologia, o índice de poluição é quase zero, as florestas foram recuperadas e a qualidade de vida é boa para todos os indivíduos, independente de credo ou raça. Há milhares de diversidade de plantas e animais que foram reconstituídas em laboratório, todas as plantas e animais ameaçados em extinção possuem seus lugares apropriados, seus bolsões de habitat.

A política mundial se unificou. Não há mais fronteiras e nem barreiras, embora haja um controle de quantidade de pessoas em cada cidade. Outra mudança foi o controle de natalidade e qualidade, que faz o mapeamento do feto para ver se vingará saudável ou não durante toda a vida, caso não seja saudável é permitido que seja feito o aborto. As famílias podem ter 2 filhos cada, sendo um homem e uma mulher.

As religiões perderam força, o estado é laico e a justiça é composta por um robô, um juiz e um júri popular. Quando há divergência entre juiz e o robô, o júri popular é ouvido para dar o veredicto final. Quase sempre o júri acata o que o robô determina, pois 99,9% das conclusões são acertadas pela máquina.

Acabou a violência, as sujeiras nas ruas e os problemas dos serviços públicos. Agora, tudo é feito pela mão do robô, embora o robô só prenda o infrator, deixando o julgamento para a justiça, que já foi citada no parágrafo anterior. Não há mais também problemas de trânsito, pois após a lei dos propulsores, há transito aéreo em várias faixas de locomoção, permitindo o direito de ir e vir do cidadão de forma segura e rápida.

A reforma agrária foi criada em âmbito mundial, podendo cada família desfrutar de 300m2 (trezentos metros quadrados) de área para construção. Se o cidadão for assistido pelo governo, o estado fornece uma casa paga pela união. A casa, desenvolvida pela Ratix, é tão boa, que a maioria das pessoas utilizam esse projeto para criar as suas casas. A regra das casas também é bem rígida, só pode construir no máximo dois andares e não mais do que isso. Ah, os prédios acabaram dando vida a bairros com grandes jardins e casas conservadas e bonitas esteticamente.

A única lei em vigor ainda, e que é muito estranha, é que ninguém pode fazer barulho maior que as aves quando gorjeiam, ou seja, não pode fazer mais barulho do que a altura do canto de um pássaro.

A longevidade está chegando ao bicentenário. Há muito que fazer até chegar aos 150 anos, até a sexualidade fica viril até os 140 anos. Após esse tempo, chega o momento de planejar o adeus, pois só restará mais 50 anos de vida. A vida é boa e prazerosa de ser vivida.

Por fim, enviei esta carta para as pessoas que vivem no ano de 2010, caso alguém esteja lendo este escrito, é porque o equipamento de viagem no tempo funcionou perfeitamente, mas o equipamento só consegue enviar cartas e nada mais.

Busquem conhecimento.

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