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Mais vale seis amigos de alça a mil amigos da onça

Por: Júlio César Anjos

A fidelidade, a maior expressão da confiança. É o crédito que se dá para amigos e amores, o valor incalculável da entrega da alma. A amizade só tem bases sólidas quando há crédito, confiança e fidelidade, caso não exista isso, há somente coleguismo.

O tempo é o investigador dos laços de amizade, só através das provações do cotidiano que se podem tirar conclusões sobre quem é amigo e quem não é. A eterna separação entre o bom e o ruim, o amigo e o colega. Mas há coisas piores que colegas, existem os amigos da onça.

Os amigos da onça são como abutres esperando a morte e decomposição da carne, estão por perto só nas horas difíceis e nunca lhe fornece apoio, mas sempre encontra meios para apunhalá-lo nas costas. As apunhaladas são básicas como tirar sarro, rebaixá-lo, criticá-lo negativamente, enfim, tudo de pior e nos momentos errados está lá o amigo da onça agindo contra o seu marketing pessoal. O amigo da onça sempre está do seu lado, mas espera um momento de fraqueza para atacá-lo sem dó nem piedade. O que mais existe neste mundo enfermo são atitudes repulsivas da humanidade.

A determinação da separação entre quem é amigo e colega não se dão pelo fato das ações grandes na vida, mas situações rotineiras, pequenas, que passam despercebidas. Uma piadinha imprópria aqui, uma zombada acolá, tudo bem disfarçado, que é para não desmascarar o amigo da onça, afinal o amigo da onça quer estar por perto toda hora e a qualquer momento. Mas amigos fiéis também são piadistas e também vão rir da situação constrangedora, mas vão rir com você e não de você.

O amigo de fé, o irmão camarada, é o amigo de alça. O amigo da alça está sempre ao seu lado e não importa a situação. A alça está nas festividades em que as felicitações congratulam uma rodada de bebida ou a alça do troféu que o seu amigo ergue reverenciando-o e até mesmo a alça do carro para abrir o veículo para dar carona para algum lugar. A alça da amizade sempre estará nos momentos mais importantes da sua vida.
 
Os seis amigos de alça que eu gostaria de ter não é para satisfazer um desejo por um numero cabalístico e tão pouco indicar um número aleatório a meu bom grado, mas quero seis amigos de alça para que com firmeza e orgulho possam segurar as alças do meu caixão, tornando concreta a amizade até mesmo após a morte. Esses são os seis amigos que desejo. Os amigos que vão cair na bebida segurando as alças das canecas, os amigos que abrirão portas para o meu futuro, puxando as alças dos seus carros ou suas casas, e dos amigos que até a velhice terminarão de puxar as alças do meu caixão, provando a fidelidade que o tempo concretizou.

Prefiro seis amigos de alças a mil amigos da onça.

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