Por: Júlio César Anjos
Futebol, ambiente para fazer amizades, descontrair, vibrar, se emocionar, o sistema perfeito para quem gosta de explosão de sentimentos, entre a alegria das vitórias e as tristezas das derrotas.
Que bom seria se o futebol proporcionasse só sentimentos relacionados ao jogo ou a disputa do campeonato entre vencedores campeões e vencidos rebaixados, entre goleadas e empates sem gols, entre somente a disputa dentro de campo e nada mais do que isso, sem problemas com extra campo: seja por violência de torcidas, seja por politicagem de bastidor para favorecer um time ou outro, seja por levar vantagem em tudo (lei de Gerson).
O futebol atual é entretenimento puro. É um produto moldado para um público alvo que é facilmente envolvido pelo sistema do jogo, a droga dos torcedores viciados pela redondinha. Mas para ser entretenimento deve criar fato novo, tem que fazer dos jogadores estrelas como os atores estão para o cinema. Inflacionam o mercado para criar produtos em forma humana para satisfazer desejos de empresários, clubes, torcidas e dos próprios jogadores
Para satisfazer a necessidade destes stakeholders, o futebol paga um preço bem caro, e o valor é deixar de lado virtudes como a honestidade, a transparência o bom senso, a amizade, o amor... O novo pacote do produto tem obrigatoriedade impor disputa de títulos somente os times do “povo”, sendo que o time do povo são aqueles que o Ibope ou outra pesquisa qualquer apontam como maiores torcidas do Brasil, esses clubes escolhidos desfrutarão de todos os apoios para conquistar o que quer que seja e em troca os clubes aceitam se corromper. Os clubes restantes – os menores - apenas participarão.
Por outro lado os torcedores, a maioria deles pessoas honestas, trabalhadoras, que somente querem o ópio do povo, a vitória do time no fim de semana, nada mais que isso. Aí o torcedor com o salário sofrido paga o ingresso para ver briga nas torcidas, árbitros errando a favor do clube maior, e imprensa exaltando somente um lado do campo, mostrando o verdadeiro cenário do futebol, verdade dura de engolir para o trabalhador honesto.
Do outro lado o torcedor de organizada, aquele que torce mais pelo parasita do que pelo hospedeiro, que só quer criar confusão e, não importa a opinião dos outros, quer ganhar ingresso de graça da diretoria porque apóia o time, é mais torcedor, muitas vezes bandido travestido de torcedor. Não são todos os torcedores das organizadas que são bandidos, mas há muitos dentro destas instituições fazendo vandalismo e provocando confusão, às vezes, até mesmo com a própria torcida do mesmo time.
O extra campo STJD, arbitragem e suas comissões, C13 e mídia, também possuem suas grandes parcelas de culpa por formar um entretenimento tão nojento e sem nenhuma virtude. Fazem de tudo para enaltecer 2 ou 3 clubes e se esquecem da grandeza do país, as diferentes regiões, e a riqueza de quantidade e qualidade de clubes que clamam por um mínimo de atenção que nunca é concedida. Arbitro só erra pro grande, STJD só pune o pequeno e o jogador de empresário fraco, a mídia só mostra o que quer e a CBF fecha o laço do pacote chamado campeonato e enfia goela abaixo a todos os torcedores do Brasil.
Estou desistindo do futebol. Sei que o meu time sofrerá mais por causa desta decisão, pois quem não receberá o dinheiro do ingresso será o meu clube, mas não posso mais compactuar com tanta nojeira que paira neste sistema chamado futebol. O futebol virou antro de tudo que não presta e cada vez mais está afastando as pessoas de bem do entretenimento porque ninguém mais acredita neste sistema. Esse afastamento não é fácil, ainda mais para alguém fanático como eu, que raramente perco jogos do meu time, mas tenho que tomar uma decisão e a decisão foi ficar com as virtudes.
Posso um dia voltar a acompanhar o futebol? Lógico, desde que o futebol volte a ser algo quase que amador, mais alegre, inocente, vibrante e sem dinheiro. O futebol empacotado da maneira que está passarei longe de acompanhar daqui pra frente. Vou ser feliz sem sofrer por um jogo que já se sabe o resultado, mas que a minha esperança cega-me de tal forma que vou lá à beira do campo vibrar e torcer.... Cansei de ser ludibriado, de ser sparring, agora eu quero a paz no meu coração e tranqüilidade na minha consciência.
Infelizmente desisti do futebol.
Aditivo do texto:
Só no futebol que o parasita é maior que o hospedeiro.
A torcida organizada precisa do clube, razão que torna uma entidade, mas o clube vive sem a organizada, pois há muitos torcedores que não são fardados que giram a catraca de qualquer jeito.
A torcida organizada faz concorrência ao clube, forçando o consumidor escolher entre a roupa da organizada ou do clube, raramente há torcedores com condições financeiras para pegar o que vier pela frente e comprar.
A torcida organizada só denigre a imagem do clube, razão que faz o clube pagar por erros cometidos pela própria organizada e que fica impune. A organizada só faz o que faz porque o estado é inoperante e incompetente.
A torcida organizada tem como alistamento só os adolescentes e adultos cabeças fracas. Já conheci vários amigos que, quando jovens, eram destas facções e após amadurecer para a vida pararam de apoiar incondicionalmente o antro de abastados da lei. A organizada só recruta pessoas que não possuem a mente aberta (se você se sentiu ofendido, paciência).
A torcida organizada cobra apoio da diretoria pelo preço de ingressos cortesia para os membros mais presentes e caso o clube não ceda à pressão, a organizada faz de tudo, até mesmo vai contra o próprio clube para que suas preces sejam atendidas.
A torcida organizada só serve para uma coisa de bom: Serem os bobos alegres que fiquem apoiando o time, mesmo o clube perdendo de goleada para o rival.
Não vejo fundamentos que mostrem que a organizada é essencial ao futebol, ao contrário, é algo totalmente substituível neste ramo.
Essa é a minha opinião.
Desabafo de um ex torcedor de futebol de Júlio César Anjos é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
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