Bolsonaro
Réu: O Que Muda?
Em
julgamento na 1ª turma do STF, Jair Messias Bolsonaro virou réu por 5 votos a
zero. Esta demonstração de unicidade do colegiado só reforça a lógica de que o
Bolsonaro certamente será condenado. Embora haja divergências sobre ficar
detido em um prédio público ou usar tornozeleira eletrônica, o certo é que o
Bolsonaro será preso.
Isso
muda alguma coisa na política? No curto prazo, nada.
Bolsonaro
continuará a aparecer com os seus 20% nas pesquisas eleitorais, continuará a
ter relevância na mídia mesmo tendo menor espaço, manterá apoio nas redes
sociais e conseguirá colocar uma boa quantidade de pessoas nas ruas para defende-lo.
No
longo prazo, a direita terá que defender um político que foi condenado, que só
fala bobagem – o que dificulta a capacidade em defende-lo -, sem horizonte de
poder por estar inelegível e que vai contra toda a doutrina direitista clássica
que não apoia populista corrupto como o Bolsonaro.
A mudança na política é lenta. Mas ela muda.
Por causa de acúmulos de problemas dos agentes políticos.
É
preciso entender que o Bolsonaro não é o Lula, é vinculado ao Trump.
Na
verdade, não há um bolsonarismo no Brasil, mas um trumpismo falsificado e mal
feito.
Deste
modo, em questão ideológica, se o Trump não for bem ao mostrar-se correto ao
mundo, o seu fracasso contaminará a direita mundial, Milei, Bolsonaro e cia
serão prejudicados.
Enquanto
o Lula é uma construção de 40 anos na política brasileira, Bolsonaro é apenas
um deputado de baixo clero que falava bobagem e ninguém ligava. Não dá para
comparar Lula com Bolsonaro. Mas dá com Trump.
Se
o Bolsonaro fosse um fenômeno brasileiro original que tivesse surgido no
Brasil, com certeza a condenação o condicionaria como um preso político. Mas
como é um político carreirista, que a vida toda falou e fez bobagem, que
defende uma extrema-direita que não se sustenta no longo prazo sem que consiga
o seu propósito-fim, que é o estabelecimento de uma ditadura, Bolsonaro vai
perder suas forças daqui pra frente.
O
Bolsonaro só continua com um pouco de força porque tem apoio das big techs, da
internacional fascista chamada de CPAC, do Partido Republicanos que possui várias
figuras poderosas e influentes dentro da instituição, o que mostra que
Bolsonaro é apenas um vassalo de um bloco político dos EUA.
Se
esta turma dos EUA entenderem que o Bolsonaro não serve mais, jogam-no na lata
de lixo e substituem por outro direitista como se nada tivesse acontecido.
Mas
aí, alguém dirá: “Segundo as pesquisas, Bolsonaro venceria Lula”. Se for
analisar bem as pesquisas, no segundo turno Lula perde para quase todo mundo. Isso
mostra que o Lula se enfraqueceu e não que o Bolsonaro continua forte.
Mas,
de todo modo, a política continuará engessada porque não se faz político
populista da noite para o dia. É preciso fazer construção de imagem, narrativa e
ideológica do ídolo que se quer alçar. E neste momento não há ninguém que seja
um líder populista que possa obliterar o Bolsonaro e o Lula.
Porém,
o que mudará com certeza é que, com as fraquezas da polarização, um político de
terceira via, que apenas tenha coragem de bater tanto em Lula quanto em
Bolsonaro, terminará a eleição com dois dígitos em 2026.
E,
certamente, uma coisa que dá para mudar via legislativo é que não se pode
manter em pesquisas e/ou registro de candidatura até 20 dias da eleição um
político que está inelegível, como ocorreu com o Lula em 2018 e que pode ocorrer
agora em 2026 com o Bolsonaro. O legislativo terá que versar sobre isso. Seja
agora ou depois, pois, isso é imoralidade pura.
Deste
modo, Bolsonaro irá esticar e manter a sua candidatura, mesmo inelegível, até chegar
próximo a eleição. E fará a troca do seu vice, que será o candidato apoiado por
ele.
Como
diria Mark Twain: “a história nunca se repete, mas rima”.
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